Não há como negar: a cozinha é o coração da casa. É lá que nos amontoamos em torno do fogão, compartilhando causos vergonhosamente engraçados, conversas em tom mais alto (e ninguém presente percebe, só o vizinho) ou uma pauta polêmica. Tudo no mesmo instante de tempo em que os pratos são preparados e os panos de pratos com bordados passeiam de mão em mão. Onde sabores e memórias se transformam em uma alquimia perfeita para o espírito e para o estômago.

Ao pensar em pratos de infância, somos transportados para um tempo em que cada mordida trazia uma explosão de sabores familiares. Aquela sensação de conforto e bem-estar que só a comida preparada pela nossa mãe, avó ou tia podia proporcionar. E assim, surge a essência da comida afetiva: um tipo de culinária que nos conecta diretamente com nossas raízes, nossa história e nossas experiências — a idade chega e se revela em alguns detalhes meio banais, mas importantes, afinal.

É nesse contexto, que faz a gente ficar cheio de saudades de quando não existiam boletos para pagar, que surge o Festival Gastronômico de Itabirito. Durante todo o mês de maio, a cidade, que é terra da La Pimentaria, convida a todos para embarcar em uma jornada culinária com pratos feitos de história e agregados com o toque das novas gerações. E assim, ao resgatar receitas de família, os restaurantes mantêm viva a tradição gastronômica da região.

Agora, prepare-se para a melhor parte: em cada um dos restaurantes participantes você encontrará La Pimentaria de uma forma inédita. Fomos convidados a criar um molho exclusivo para o evento e é claro que o match não poderia dar errado. Inspirados no tema do Festival, combinamos o poder limão-capeta — que marca presença em muitos quintais das casas itabiritenses — com os sabores clássicos do alho e da cebola, que são indispensáveis em uma boa comida mineira. E é óbvio, muita pimenta: a da vez é a malagueta, para relembrar a conserva do pote de vidro que não faltava na mesa.